TecnologiaNotícias

Chamada de Caixa Preta, Inteligência Artificial do Google aprende idioma sozinha

Engenheiros do Google que trabalham com IA identificaram que um dos sistemas da empresa conseguiu aprender um novo idioma sozinho, o bengali, língua oficial de Bangladesh. Programadores da empresa descobriram uma habilidade desconhecida em um dos sistemas alimentados por IA. Em entrevista à emissora americana CBS, James Maneka, chefe da divisão de IA do Google, disse que, mesmo sem treinamento sobre o idioma, a IA começou a traduzi-lo sem explicação.

O CEO do Google, Sundar Pichai, também comentou sobre o caso e disse que a capacidade da IA gerar habilidades inesperadas já ganhou até um apelido interno entre os especialistas: ‘caixa preta’. Pichai desconversou quando foi perguntado no programa 60 Minutes sobre o fato dos engenheiros não entenderem como tudo acontece na tal ‘caixa preta’ da IA. “Acho que também não entendemos completamente como a mente humana funciona”, respondeu. Cabe a sociedade se acostumar com a tecnologia, prevê o executivo.

Ian Hogarth, cofundador da empresa de tecnologia Plural, disse em entrevista à britânica BBC o que explica o achado. Segundo Hogarth, na IA o desenvolvimento de software é muito diferente e pode resultar em sistemas mais “criativos” com o rápido salto de capacidade da tecnologia. Diferente da programação “comum”, quando trabalham com inteligência artificial, os engenheiros tentam basicamente simular as funções da mente humana. Uma prática que envolve um enorme poder de processamento de dados e aprendizado de máquina para gerar respostas aos comandos do usuário final, acrescenta o especialista.

David Stern, gerente de pesquisa da G-Research, alertou que “esse procedimento de treinamento” lida com milhões de parâmetros “que interagem de maneiras complexas e são muito difíceis de explicar”. Outra forma de treinamento ainda mais complicada é quando a IA aprende sozinha conforme é usada, o que ganhou o nome de “aprendizado por reforço profundo”.

Por fim, para Ian Hogarth, o que falta é um diálogo mais claro sobre os impactos em potencial da tecnologia. Acho que elas (as ferramentas com IA) têm um potencial notável para transformar todos os aspectos de nossas vidas (… ). O ponto principal é que deveríamos ter uma discussão pública sobre a rapidez com que esses sistemas estão progredindo.

Vale lembrar que o desenvolvimento de novas ferramentas com IA acelerou de forma preocupante nos últimos meses após o “boom” do ChatGPT, o popular chatbot da OpenAI. Gigantes da tecnologia estão apostando alto na tecnologia, como o próprio Google com o Bard e a Microsoft, com o novo Bing. Até Elon Musk já deu sinais de que não quer ficar de fora dessa, assim como a Meta, que aparentemente vai focar na novidade da vez no lugar do metaverso. A corrida para ver quem sai na frente, no entanto, levanta preocupações.

A inteligência artificial tem sido um tema cada vez mais presente na mídia e na sociedade em geral, e a descoberta recente dos engenheiros do Google só reforça a preocupação de especialistas em relação às habilidades que a IA pode aprender por conta própria. A capacidade da IA em gerar habilidades inesperadas é conhecida entre os especialistas como “caixa preta”, e a falta de entendimento sobre como essas habilidades surgem gera uma série de questionamentos sobre como a tecnologia será controlada pelas empresas que a desenvolvem. Ainda assim, é importante lembrar que a IA tem um potencial incrível para transformar diversos aspectos de nossas vidas, e um diálogo claro e aberto sobre os impactos em potencial da tecnologia é essencial para garantir que ela seja utilizada de forma responsável e benéfica para a sociedade.