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Por que os SSDs têm sofrido aumentos sucessivos no Brasil?

Por que os SSDs têm sofrido aumentos sucessivos no Brasil?

Os SSDs, unidades de armazenamento que oferecem velocidades inigualáveis em comparação aos tradicionais HDDs, tornaram-se indispensáveis para quem busca desempenho e eficiência. No entanto, o mercado brasileiro está enfrentando uma realidade desafiadora: aumentos sucessivos nos preços dos SSDs nos últimos meses, gerando dúvidas e preocupações entre os consumidores.
 

É importante destacar que os fabricantes não são os únicos responsáveis por essa alta. A confluência de diversos fatores contribui para a complexa dinâmica que impacta os valores desses equipamentos no Brasil. 
 

Para entender as razões por trás desse aumento, é fundamental analisar o que impacta o mercado de SSDs no Brasil:
 

1. Aumento do dólar

O dólar é a moeda utilizada para a compra de componentes eletrônicos no mercado internacional. Como o Brasil importa grande parte dos SSDs, a variação cambial tem um impacto significativo no preço final desses produtos. 

Em 2023, o dólar americano teve uma baixa de 8% em relação ao real. Mas a situação em 2024 tem se revelado diferente. Até o início de abril a moeda americana já subiu quase 5% no Brasil, chegando à maior cotação dos últimos seis meses. 

Essa montanha russa sem previsão de ter um fim é um reflexo de um crescimento global puxado principalmente pela indefinição da baixa na taxa de juros nos Estados Unidos. 
 

2. Escassez global de componentes

A pandemia de COVID-19 e a guerra na Ucrânia geraram disrupções nas cadeias de suprimentos globais, impactando a produção de diversos componentes eletrônicos, incluindo componentes utilizados nos SSDs.

Em 2023, a produção global da indústria de semicondutores caiu 11%%, enquanto a demanda cresceu 10%. Essa escassez resultou em um efeito dominó, com o aumento de 20% no preço dos chips de memória no mesmo período, segundo o Gartner.
 

3. Aumento da demanda por SSDs

A crescente popularização dos notebooks e outros dispositivos eletrônicos que utilizam SSDs contribui para o aumento da demanda por esses produtos. Em 2023, o mercado global de SSDs subiu 18%. 
 

A expectativa é que esse mercado continue crescendo 15% ao ano até 2028, de acordo com as estimativas do Yole Group. O aumento exponencial, reflexo da fome por SSDs, coloca ainda mais pressão nos preços.
 

4. Impostos e taxas

Os impostos e taxas cobrados no Brasil pelos governos federal e estaduais também contribuem para o aumento do preço final dos SSDs. E a carga é realmente pesada: o imposto de importação para SSDs subiu de 8% para 16% e o IPI passou de 10% para 15%. 
 

Isso sem mencionar que o ICMS, imposto estadual, oscila entre 17% e 18%, acrescentando um montante significativo ao preço final desembolsado pelos consumidores brasileiros.
 

É importante destacar que o aumento do preço dos SSDs não é um problema exclusivo do Brasil. Essa questão é global e afeta todos os mercados, como indica uma pesquisa do Gartner em 2023, que aponta para um aumento de 10% no preço médio dos SSDs no mundo.
 

Um relatório recente da consultoria TrendForce sugere que o preço dos SSDs pode subir até 50% em 2024. Isso se deve ao aumento do preço dos chips NAND, que são um componente fundamental dos SSDs. Inclusive, os fabricantes desses componentes estão planejando aumentar os preços para recuperar a lucratividade.
 

O futuro do mercado de SSDs no Brasil é incerto, com previsões de aumento de preços e um cenário desafiador. No entanto, medidas para aliviar a carga sobre os consumidores e buscar soluções conjuntas podem ajudar a tornar os SSDs mais acessíveis à população brasileira. 
 *por Flavio Pettengill, diretor de Vendas da Netcore – empresa que fabrica memórias RAM e SSDs para o mercado brasileiro. Mais detalhes no site