ChatGPT na educação: ameaça ou amizade verdadeira?

Por Luiz Alexandre Castanha

Luiz Alexandre Castanha

 
Professores de escolas e universidades, além de tutores de cursos corporativos começaram a se sentir muito intimidados recentemente. A ameaça, se você acredita em hype, é o ChatGPT, um chatbot
com inteligência artificial da OpenAI, startup do Vale do Silício.
 
Lançado em 30 de novembro de 2022, o software foi previsto para acabar com o ensino superior (assim como todo tipo de produção de conteúdo e até mesmo o Google, de acordo com o desenvolvedor do Gmail, Paul Buchheit).
 
Capaz de escrever ensaios convincentes, traduzir conteúdos e resolver problemas de ciências e matemática, alunos já o utilizam para entregar tarefas escolares e universitárias. Tanto que instituições
americanas e canadenses já proibiram o seu acesso.
 
O ChatGPT (como os seus substitutos futuros) sem dúvidas se tornarão tão onipresentes quanto as calculadoras, a Wikipedia e o Google no futuro. E o momento presente que vivemos pode ser comparado aos
primeiros buscadores da internet como fonte de informação versus as tradicionais e milenares bibliotecas.
 
Será que o ChatGPT é realmente uma ameaça? Milhares de escolas e faculdades reconhecem o seu potencial negativo e procuram maneiras de identificar quando uma entrega foi gerada pelo sistema outros educadores já pensam em maneiras de aplicá-lo ao ensino.
 
Já surgiram diversas ferramentas online capazes de detectar material gerado por inteligência artificial. Tanto a AICheatCheck como o GPTZero usam seus próprios modelos de inteligência artificial para
prever se o texto foi escrito por um ser humano ou por uma máquina, com base na escolha de palavras e na estrutura da frase.
 
O banimento pode parecer uma solução definitiva, mas não acredito que seja a melhor decisão. Em vez disso, será necessário adotar o ChatGPT com atenção como um auxílio de ensino. Uma ferramenta que
possa desbloquear a criatividade, oferecer aulas personalizadas e preparar melhor para se trabalhar com sistemas de IA.
 
E há muitas outras dimensões positivas. Esta pode ser uma oportunidade para ajudar, por exemplo, pessoas com origens linguísticas diferentes e que têm dificuldades de aprender um novo idioma.
 
Uma possibilidade interessante é pedir que os alunos extraiam conteúdos sobre assuntos diversos e não os usar como cópia, mas sim como uma base inicial para explicar os temas com mais profundidade. Na
verdade, o ChatGPT tem o potencial de ser o melhor amigo de um professor ou tutor de cursos corporativos.
 
Eles são capazes de criar planos de aula personalizados para cada aluno, pedir feedbacks sobre os trabalhos entregues, obter insights sobre problemas difíceis de resolver, extrair respostas diversas e
construir um conteúdo muito mais completo, entre tantas outras utilizações.
 
A estruturação do pensamento precisa ser o de virar o jogo. Quanto mais a IA e as ferramentas como o ChatGPT existirem, mais os professores testarão novas estratégias de ensino e aprendizagem com
elas.
 
Não será uma trilha fácil e estamos apenas no início da jornada. Mas quem melhor para liderar rumo ao futuro do que seus professores e tutores?
 
* Luiz Alexandre Castanha, administrador de empresas com especialização em gestão de conhecimento e storytelling aplicado à educação, coautor do livro Olhares para os Sistemas e é CEO da NextGen Learning.