Engenheiros de Prompt, os treinadores de IA que ganham R$ 1,7 milhão por ano

Um novo mercado de empregos está crescendo rapidamente na indústria de tecnologia, oferecendo salários que podem chegar a mais de US$ 335 mil por ano (R$ 1,7 milhão).

São os chamados “engenheiros de prompt” ou “treinadores de IA”, pessoas que passam o dia guiando modelos de linguagem como o GPT a gerar respostas mais específicas e relevantes para determinados tipos de perguntas.

Muitos desses profissionais possuem formação em História, Filosofia e Línguas, pois o trabalho envolve organizar palavras e ideias para destilar a essência ou o significado de algo em um número limitado de palavras.

A tecnologia passou rapidamente de experimentos em laboratório para o uso prático dessas ferramentas, com empresas como Microsoft integrando o ChatGPT em seu motor de busca Bing e ferramenta e GitHub oferecendo seu motor de desenvolvimento de software aos usuários.

À medida que a tecnologia prolifera, muitas empresas descobrem que precisam de alguém para adicionar rigor aos seus resultados. As vagas mais bem pagas são para quem tem especialização em aprendizado de máquinas ou em Ética, ou para quem já trabalhou em empresas de IA.

Albert Phelps, engenheiro da Mudano, parceira da consultoria Accenture em Leytonstone, Inglaterra, define o trabalho como um “sussurrador de IA”.

Aos 29 anos, Phelps estudou História na Universidade de Warwick, perto de Birmingham, Inglaterra, antes de iniciar sua carreira como consultor de bancos como Clydesdale Bank e Barclays, ajudando a resolver problemas relacionados a riscos e regulamentações.

Ele e seus colegas passam a maior parte do dia enviando instruções para ferramentas como o ChatGPT da OpenAI, que podem ser salvas como predefinições.

Um dia típico na vida de um “engenheiro de prompt” envolve lidar com cinco modelos de linguagem diferentes, com cerca de 50 interações com o ChatGPT, diz Phelps.

O paradigma surgiu em 2017, quando pesquisadores de IA criaram LLMs “pré-treinados”, que poderiam ser adaptados a uma ampla gama de tarefas com a adição de uma entrada de texto humano.

No ano passado, LLMs como o ChatGPT passaram estar disponíveis para milhões de usuários – e toda vez que alguém usa essas ferramentas acaba, na prática, fazendo algum tipo de “engenharia de prompt” sempre que faz um comando para a máquina.

Empresas como a Anthropic, uma startup apoiada pela Google, estão anunciando salários de até US$ 335 mil ao ano (R$ 1,7 milhão) para um cargo de “engenheiro de prompt e bibliotecário”, em São Francisco.

O revisor automatizado de documentos Klarity, também na Califórnia, está oferecendo até US$ 230 mil (R$ 1,17 milhão) para um engenheiro de aprendizado de máquina que pode “solicitar e entender como produzir a melhor resposta” de ferramentas de IA.

Recentemente, fora do universo tecnológico, o Boston Children’s Hospital e o escritório de advocacia londrino Mishcon de Reya anunciaram vagas para engenheiro de prompt.

De acordo com Albert Phelps, a natureza interdisciplinar do trabalho significa que os profissionais de diferentes origens acadêmicas podem trazer suas próprias perspectivas e habilidades para a tarefa de treinar a inteligência artificial. Ele argumenta que pessoas com formação em áreas como filosofia, história e línguas podem ser tão valiosas quanto engenheiros de software e cientistas de dados.

No entanto, há também críticas em relação a esse novo campo de trabalho. Algumas pessoas acreditam que a “engenharia de prompt” é uma forma de trabalho mal remunerado e precarizado, que exige muita experiência e habilidades específicas, mas não é valorizado o suficiente pelas empresas de tecnologia.

Além disso, há questões éticas envolvidas no treinamento de sistemas de inteligência artificial, especialmente quando se trata de lidar com dados sensíveis e privados. Os “engenheiros de prompt” podem ser responsáveis por decidir que tipos de dados são usados para treinar modelos de linguagem, o que pode ter implicações importantes para a privacidade e a segurança dos usuários.

Apesar dessas preocupações, é claro que a “engenharia de prompt” está se tornando uma parte cada vez mais importante do desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial. À medida que a tecnologia se torna mais sofisticada e difundida, as empresas precisarão de profissionais altamente qualificados para ajudá-las a aproveitar ao máximo suas capacidades.

E, para muitos, essa é uma oportunidade empolgante de trabalhar no fronteira do avanço tecnológico e contribuir para a criação de sistemas que podem mudar o mundo.